quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Despropósitos perdidos

Muito se perde.
Dentre tudo o que existe a maior parte se perdeu.
Depois de um sonho, quando este acaba. 
Dentro de alguém, quando este se despede.
Quanto do que somos não escoa se não cultivado? 
Todo o mundo de imaginações e pensamentos e conclusões e devaneios.
Pense em tudo, tudo o que se foi durante todo esse tempo. Sinto a falta desse tudo que não conheci.
E quando pensamos que a vida e o mundo são imensos, ignoramos toda a vida e todos os mundos que desconhecemos.
"Nada se perde, tudo se transforma". Mentira. Quando algo se transforma é porque já não é mais, porque se perdeu.
A perda é a única constante. Então para que nascer se deixará de existir? 
Mas uma só pessoa basta para que não passe desapercebida qualquer existência.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Pane

Quem sabe seja a hora de ser forte apenas. Ter força para aguentar essa mudança nas costas, essa indecisão, essa confusão.
Me sinto perdida no próprio mundo. Como se nada fizesse sentido.
"You will never be happy if you continue to search what happiness consists of. You will never live if you are looking for the meaning of life".

Será preciso restabelecer o meu estado de graça. Simplesmente agradecer pela energia investida em boas coisas e por aquilo que se recebe sem pedir. Pelos pequenos presentes.
É essa busca por satisfação que me cansa. Mas eu sou tão preguiçosa. Por que eu sou preguiçosa?
"Expresse o amor", "expresse a beleza". O que EU vou expressar? O que eu mais amo nesse mundo? O que eu mais amo nesse mundo?

domingo, 11 de setembro de 2011

Tornar-se livre limitando-se a respeitar

Ao longo dos mais de dois mil anos de existência, a filosofia, junto com a ciência, analisa e tenta explicar racionalmente a mentalidade humana e seu comportamento. Mas se a nossa mente fosse tão simples ao ponto de podermos entendê-la, seríamos tão burros que não o faríamos.
Até onde sei, não podemos entender o que somos. É algo que está além da nossa capacidade. No entanto, podemos agir corretamente independentemente de saber por que agimos assim.

Segundo a linha de estudo da moral de Kant, a capacidade de distinguir entre o certo e o errado é inata em todos nós, assim como a razão. Todos temos uma moral, por assim dizer. Seguindo essa lei moral interna, Kant formula seu imperativo categórico: "Age apenas segundo aquelas máximas através das quais possas, ao mesmo tempo, querer que elas se transformem numa lei geral." Em outras palavras, não fazer para o próximo, aquilo que não queremos para nós mesmos.

Não cabe a nós responder o porquê, mas sim nos esforçar para superar os impulsos que nos levam a desobedecer essa "lei" e superar o egoísmo que nos escraviza.
Agir em liberdade é o que nos torna humanos, visto que os animais são escravos dos próprios impulsos. O mais importante é conseguir com que todos cresçam e vivam segundo essa moral, desde pequenos, aprendendo a importância de se respeitar o outro e agir corretamente, por mais difícil que pareça ser às vezes. Pois é isso o que nos torna livres de nós mesmos (levando-se em conta que existem diversos tipos de liberdades).

A liberdade é sempre limitada por algo ou alguém. Ter uma identidade e expressar-se de acordo com ela exige de nós a consciência de que existem outras identidades e expressões que devem ser respeitadas. Sendo assim, cada um possui o direito de expressar-se sem descaracterizar o outro.
Conviver demanda uma série de privações e, ser você mesmo, muitas vezes, implica em seguir uma ética, em fazer parte de um coletivo interligado por relações políticas nas quais um deve ceder ao outro e este a outro e assim sucessivamente.

Ser individual por completo é ser sozinho. É poder se expressar inteiramente e abrir mão de relacionar-se com o resto do mundo. Há sempre uma perda de identidade e, por consequência, de liberdade, quando se tenta preservar a alheia.