segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O que será do que não aconteceu?

Incontrolavelmente insatisfeita por hoje. Uma decepção, e eu nem sei se foi mesmo. Tive medo de não ter deixado transparecer todo o universo incrível que eu sei que fica rondando escondido por algum lugar aqui quando não deve. E uma irritação, como uma coceira, que quanto mais se coça mais a vontade de coçar cresce. 
Necessidade de apagar o dia e reescrevê-lo, da maneira como deveria ter sido, mas que por descaso, talvez, não foi.
Não vou saber o que deveria ou não ter feito.
Faltou espontaneidade e toda aquela atitude, aquela sensação que eu tento desesperadamente deixar de lado, toma conta. E é como se não houvesse saída a não ser sujeitar-se a uma auto humilhação, omitir o que não deveria ser omitido, o que deveria sair naturalmente.
Para ser mais verdadeira, o fato é que nervosismo é uma merda. E eu simplesmente não deveria ter ficado assim, não por causa daquilo, o que piora exponencialmente a situação, por escancarar o quanto aquilo foi errado.

O que deveria ter acontecido, o que eu deveria ter feito, bom, são coisas que é melhor não se perguntar mais. Importante é aprender a lição do momento, mesmo não sabendo bem o que ela é. Mesmo isso não fazendo o menor sentido? 
Queria que tudo tivesse sido diferente, mas não sobra nada a fazer senão saber lidar com o que aconteceu.


A dificuldade era que ela gostava mais de si mesma quando estava só do que quando estava junto. Uma vez sua mãe lhe disse que viver era fácil, conviver era o problema. E isso fazia todo o sentido. Quando estava sozinha, viver consigo mesma não era tão difícil, mas aceitar a ideia de quem ela era quando estava com os outros, isso sim era complicado. A única tristeza era então que apesar de ser mais fácil estar sozinha, ela estava sozinha.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Metafisicamente incompatível

Quando alguma coisa precisa ser expelida mas não se sabe como. A poesia foge. E essa noite que parece nunca ter passado. E esse dia que parece nunca ter terminado. É como se me transportasse para o começo de um ano que já acabou, mas que ninguém pode provar tal evidência. Então sinto essa chuva clichê cair no telhado de casa, e assisto filmes que nunca tinha assistido, leio livros que nunca tinha lido, mas que de alguma forma já os sabia por inteiros, sem precisar digeri-los fisicamente. Tudo é tão inexplicável que a minha mente não comporta o fato de simplesmente existir aqui, desse jeito, agora. Não havendo uma maneira de entrar em contato com qualquer resposta, sinto-me ofendida, como se a culpa disso fosse a minha própria incapacidade humana, sem me importar com o fato de ser uma característica geral. E se não for? Nunca fui todos os seres desse planeta, como saber se ninguém sabe sobre alguma coisa? E se souber, será que sou tão retardada a ponto de não poder descobrir qualquer evidência de lógica? Nunca fui muito racional, mas não consigo parar de procurar qualquer sentido que seja, mesmo sendo essa procura, talvez, inútil.
O que fazer se não existir? O que fazer, senão existir?

sábado, 14 de janeiro de 2012

Perguntem ao mérito

"Acredito na melhor coisa que eu já fiz". Qual foi a melhor coisa que eu já fiz? Não me lembro.
É impressionante como eu esqueço do mais importante. Acéfalo desmemoriado!
Tanta coisa inútil, tantas coisas que adoraria esquecer, mas isso, o que realmente importa, simplesmente expulsei da memória, descartei.
Não tenho nem ideia. A melhor coisa, não, essa aí é difícil dizer. 
A pior então? Humm.
Não temos as coisas com as quais nascemos e as quais recebemos ao longo da vida, não só coisas, mas acontecimentos, por mérito, suponho, e sim por alguma regra ou não-regra do universo, pela qual tudo é ou não regido, o que eu nunca vou saber. Ou vou.
Exceto para aqueles que acreditam em karma e paraíso e pecado... enfim. Não sei, não consigo acreditar em nada. Muito menos negar.
Então essa coisa seria totalmente insignificante para o rumo da minha vida, porque afinal não atuo em prol de um    futuro melhor, apenas atuo. Para quê mesmo?


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Você mesma

Uma coisa importante a não fazer (e não apenas decidir não fazer) é se acomodar. Não pense que só pensar e futurizar alguma coisa te levará a algum lugar. E não ache perdoável acordar bem tarde todos os dias nas férias e deixar-se levar horas no computador.
Ideias são ótimas. Mas são só ideias.
E desde quando você diz isso para si mesma? Quanto tempo faz que você fica se lembrando que não fez nada de útil ainda na sua vida?
Tudo bem que você é nova, mas sinceramente, sabemos que isso não quer dizer muita coisa.
Vai lá, se espreguiça, lava o rosto, coloca uma roupa decente e busque o que fazer. Mude alguma coisa, eu sei que você gosta de transformar. Qual a vantagem em ficar aí sentada olhando para cá o tempo todo? (E não vá achando que sair daqui para ir assistir um filme seja tão heroico da sua parte).
Olhe para a sua vida. Vê se mima ela mais tá? Faz isso por mim, por nós. E talvez tudo melhore um pouco que seja, o que já seria o bastante por enquanto.

Imóvel

Aquele mar era tão bonito, tão encantador. Não resistiu e em pouco tempo adentrou às suas águas. Como eram cristalinas! Estar ali era a melhor sensação do mundo. Sentia-se leve e livre, como se pudesse fazer qualquer coisa. 
Mas um dia uma tempestade começou. E as águas, por sua vez, tornaram-se escuras. Chovia, e como chovia. As ondas eram enormes, e quase se afogou. No meio daquela euforia das ondas, as lágrimas caiam de seu rosto, demonstrando sua inconformidade e tristeza.
Até que o mar se acalmou, mas não voltou a ser o mesmo. As águas começaram a se tornar frias e já não eram tão cristalinas. 
Ela sabia que deveria sair dali, mas não conseguia. A memória era atraente demais. Ela estava presa e tudo que mais desejava era sair daquele mar. Gritava para quem quisesse ouvir, pedia ajuda, mas ninguém respondia. Estava sozinha, inconsolável e aprisionada. Pra sempre.