terça-feira, 29 de março de 2011

Dane-se

           O ser humano tem um sério problema: o de querer ser aceito.
           Vive pedindo opiniões.
           "Essa roupa está boa? Eu estou bonito? Será que ele gosta de mim?"
           A questão é, será que é bom ficar pedindo opiniões?
           Ouvindo os outros você vai acabar tomando as decisões que ELES querem, e não as que você quer.
           O certo é você parar, isolar-se e ver o que VOCÊ sente.
           Não é porque o mundo diz que você está errado que você está. Galileu está aí pra provar.
           Deve-se ser fiel aos próprios sentimentos. Só assim você fará o que realmente sente. Só assim você não se arrependerá. Só assim você será você mesmo.
           Dane-se o mundo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Princípio da incerteza

Uma indefinição cerca a minha vida por todos os lados. Eu não me vejo sendo definida por nenhuma característica universal. Não sempre, mesmo já tendo tentado várias. Praticamente acabo pendendo entre duas qualidades opostas, ruins ou não, mesmo pendendo sempre mais para um lado.
Isso meio que acontece com todo mundo, eu imagino. Mas não é estranho não ser alguma coisa e ser várias ao mesmo tempo? Não é estranho tentar se encaixar e perceber que você nem sempre vai se encaixar naquilo que você achava que era o que mais lhe cabia? Não é confuso tentar explicar e mais confuso ainda tentar imaginar por que tentamos tanto "caber" em algum lugar, como se precisássemos de uma etiqueta para nos colocar na vitrine e deixar oficial que você é uma coisa e não outra. Como se a gente precisasse ter uma biografia pronta, um código que nos tornasse algo claro e certo.
Eu não sou certa e é a incerteza da minha personalidade que me constroe a cada segundo, a cada segundo que um pensamento se forma e dá lugar a outro que puxa outro e que vai formando aquela onda de ideias e concepções que mudam a cada correnteza, que vai levando o fluxo do pensar. Só que toda essa construção continua não construindo nada, é um contínuo ser e deixar de ser.
De onde será que a gente tira essa mania de achar que tudo tem que ser prático e regular, quando na verdade a maior parte daquilo que nos rodeia é cheio de metafismos e inexplicações. Aí vai chegar alguém muito esperto e me dizer que a natureza é regida por uma série de leis fundamentais, definidas e regulares, por alguma regra matemática, física ou química. Mas se para existir eu dependo de uma regra matemática e se tudo é regido por alguma dessas regras, então porque eu me sinto não inexata, tão perdida, tão incerta? Por que a minha vida não acontece como uma progressão geométrica? Por que as coisas não acontecem em uma ordem cronológica cabível para cada momento e mais do que qualquer outra coisa, por que eu mudo de ideia sobre tudo o tempo todo e não consigo encontrar um lugar ideal, onde eu possa respirar aliviada e dizer, caramba é isso o que eu sou e é aqui que eu quero continuar.

sábado, 19 de março de 2011

Deixando de lado o ceticismo

Você me inspira.
É, é o que andam dizendo por aí.
Não se conformam com o fato de eu acordar com aquele ótimo humor. Melhor era quando eu o tinha mas não expressava. Agora não, dou aquele sorriso e saio dando bom dia pra todos.
Complicado.
Alguns até me culparam de trazer o romantismo em seus pensamentos e consequentes atitudes.
Mas não me importo. Você faz bem pra mim.
Sim, tinha medo. Medo demais. Bom, na verdade era mais preocupação. Tudo estava definido. Mas não era praticamente nada do que queria. Aquela história de um lado seu querer, mas o outro persuadir e ganhar. Pois é... A não-harmonia me atraía.
Mudança. Essa é a palavra que rege meu futuro.
E não sabe quão bom é o significado dela pra mim.
Não me importo com o que os outros dizem. Não me importa o que está "determinado". Acredito que há certas influências sim (para alguns, destino), mas temos que tomar atitudes também. Não adianta ficar à mercê da vida. Ela não agirá por nós.
Só sei que estou disposta a ver no que isso vai dar. E não vou mentir, tenho a melhor impressão possível.
Pode ser totalmente oposta, como os mais céticos diriam. Mas precisamos deixar de ser céticos algumas horas pra podermos vivenciar o que realmente pode nos proporcionar um bem.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Pulguenta

Independente.
Invadiu meu espaço, criou-me expectativas, rodopiou meu mundo e ficou por lá.
Invencível, até que se prove o contrário. Não enxerga nenhuma porta de saída e nem pretende escapar tão cedo, o que me provoca e me aflige de um jeito estranhamente adocicado.
Possui intensidade, que muda de acordo com estímulos externos, involuntariamente.
Acaba fazendo parte de mim, o que não faz nenhum sentido. Já não sei se quem o criou fui eu ou se se criou sozinho em mim.
Possui uma quase vida quase própria, desconsiderando o fato de que depende de outros para continuar. Indesejável em muitos momentos e irritantemente incoveniente sempre.
Não peço por ele e nem busco, o normal é que venha sozinho. Haja tolice para tanta coragem.
Me impõe um universo inteiro de frustrações e mesmo assim se acha o dono da verdade. Não posso com ele por muito tempo. No final me coloca para baixo, em nocaute e não há nada que eu possa fazer.
Não me deixa esquecer, se recupera fácil.
Não há antídoto conhecido. Sou um caso perdido.

terça-feira, 8 de março de 2011

Flex

O que tem de mágico nesse dia? O céu é cinza, a chuva deixa tudo úmido e impessoalmente gelado e o tempo parece que virou as costas para você.

Você vive nesse dia. Até que se prove o contrário, você realmente está alí, tomando chuva, mal-humorada por ter que levantar cedo, resfriada por causa da virada do tempo, cheia de energias e expectativas, por mais que o dia não pareça muito promissor. Não importa. A chuva indiferente não te impede de aproveitar o momento, de acordar e pensar que o que importa é que hoje você vive, por mais exaustivo e entediante que o dia seja. Pode estar no fundo do poço, mas o dia está alí e as coisas estão acontecendo. Uma hora tudo passa, muda, se transforma. Sentir, por mais duro que seja algumas vezes, é só o que você tem de verdade.

Pureza

            Era de manhã. Não tinha o que fazer.
            Peguei meu carro e fui dirigindo pelas ruas... Buscava algo, não sabia o que.
            De repente vi aquela família. Estavam de mudança. Um menino, sua mãe, seu tio e sua avó.
            Ele corria pela varanda da casa. O espaço era grande.
           Os adultos tirando os móveis da casa, tudo. Tinham que se mudar, o aluguel havia subido e eles não tinham a quantia para pagar.
           As lágrimas daquela senhora corriam por aquele rosto enrugado, através daqueles olhos azuis que já haviam presenciado tantas coisas durante a vida.
           A mãe suspirava, como se estivesse despedindo-se daquele maravilhoso lugar, onde havia tido tão maravilhosos momentos.
           Ao tio, pouco lhe importava, não morava com a família mesmo...
           Mas o garoto, aquela criança de apenas seis anos, não sabia o que estava acontecendo. Apenas se divertia, correndo de um lado pro outro. Tentando ocupar aquele grande espaço ao mesmo tempo. Mal sabia ele que seria a última vez que correria ali. O pobre não mais teria um espaço daquele pra se divertir.
           Eles tinham terminado de colocar as coisas no caminhão para levar pra outra casa. Menor e sem varanda pra o garoto brincar.
          A senhora estava pra fechar o portão, quando chamou o garoto. Ele saiu correndo mais uma vez. Porém, apareceu com as mãos escondidas atrás das costas. De repente mostrou-as, fechadas. Esperou a avó fechar o cadeado. Chamou sua mãe. Olhou para as duas e abriu as mãos. Havia uma maria-sem-vergonha pra cada uma. Entregou-lhes e disse que as amava.
          Embora não soubesse a circunstância pela qual estava passando, sabia que as duas mulheres que mais amava não estavam bem.
          Não foi planejado, foi espontâneo.
          As duas abraçaram o menino, abriram um grande sorriso e saíram andando. A nova casa era ali perto. O tio levaria a mudança.

domingo, 6 de março de 2011

Convicção

            É algo que todas as vezes acontece.
            Se resolvo escrever algo, ela vem e senta em cima do papel.
            Se estou digitando algo, ela faz questão de pisar em cima de todas as teclas para que eu lhe dê mais atenção que ao computador.
            Quando quer dengo, senta ao meu lado e grita, para lhe fazer carinho.
            Hoje, então... Passou dos limites. Não aguentou o fato de eu ter dado mais atenção ao celular do que a ela. Em resposta, sentou no meu colo e fez xixi. Não, não foi nada engraçado.
            É, e ainda dizem que os animais não pensam...

O não saber

Ontem, pela tarde, estava eu inquieta, andando por todos os cantos da casa quando resolvi pegar um lápis e um papel.
Passei tudo o que estava sentindo, com a mais pura verdade, sem medo de ser julgada. Terminei-o e deixei-o guardado. Não sabia se iria publicá-lo ou não.
Hoje acordei lembrando-me do que li, ao final do dia anterior, em Werther.
Quando reli meu texto, um pouco mais tarde, por vontade imprópria comecei a equiparar-me com ele. Não pelo modo de escrita, claro (não sou e nunca serei como Goethe), mas sim quanto ao sentimento que lhe afligia.
"Não me preocupo com o presente. Não me preocupo com o que fará ou deixará de fazer. Não me importo. O que me aflige é não poder lhe ver quando o final de semana chegar, pois este imenso pedaço de terra existe."
A questão é: Será que a submissão é, realmente, a melhor opção nesse caso? Mesmo porque, embora alguns fatores sejam parecidos, outros são extremamente diferentes.
Será que ele estava certo quanto a sua escolha? Ou deveria tê-la deixado em paz?
Enfim, é como me disseram: "O ser humano sabe se adaptar bem em qualquer situação". Só resta um coisa, meus caros: saber se ele quer.