sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Distanciamento

Acordo sem vontade. Muito diferente de como dormi. Os pensamentos fluem tão devagar no exato momento em que você acorda, mas dura tão pouco. Logo tudo o que dormiu com você se renova. Não mais como estava na noite anterior. Renova-se simplesmente.
Uma fresta de luz branca pálida que passa pela cortina grossa. Era isso o que eu tinha. Era o que eu levaria comigo durante o dia. Uma fresta tímida de luz dentro de mim, que pouco me abastece.
Engraçado como a vida material se distancia do espírito. Tudo em que toco torna-se quase imperceptível, tudo o que vejo não me chama a atenção e os ouvidos acostumam-se com as variáveis composições sonoras. O que mais se aproxima de mim são meus pensamentos e consequentemente as sensações emocionais. Aquela sucessão confusa de palavras que ecoam desorientadamente, em um desespero por sentir, uma busca por algo que não sei ao certo. Talvez pelo que um dia foi mais próximo do que aquela correnteza de impulsos nervosos do momento. Aquilo que causou uma mudança brusca no fluxo mental. Momentos em que a vida material e espiritual se misturam em um frenesi existencial que me proporciona toda a luz que precisaria. Tento recuperá-los quase que inconscientemente numa histeria interna, como uma criança abandonada que chora de vontade do leite da mãe, do colo, do abraço, da segurança e não entende por qual razão não pode ter tudo de volta. No entanto faço isso com racionalidade, busco respostas, tento entender o que deu errado, planejo metodicamente como recuperar aquele tipo de aproximação. É basicamente um impulso animal. Uma abstinência. Reações químicas, biológicas, hormônios, sinapses, eletricidade. Materialidade e espiritualidade. O que é mais real?

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Desabafo

"Porque eu sei que você é uma pessoa muito sentimental." É, eu sei, sou uma pessoa guiada pelas emoções e SEMPRE faço o que meu coração fala, nunca o que a razão. Você, leitor, pode achar que isso é ser leviano, porque eu, provavelmente, sempre sofro, sempre me desiludo. Às vezes isso acontece, sim, mas não sempre. Não adianta não se arriscar, você vai deixar de viver. E qual a graça de ficar pensando nos 'e se?'. Sim, as consequências podem ser muito sérias como, obviamente, já aconteceu comigo. Desde brigas, perdas de amizades, etc. Mas o que importa é a sensação que o momento me proporcionou.
Sinto nostalgia diariamente das minhas maluquices, dos meus momentos mais insanos (não, não uso drogas), de como as pessoas eram comigo em determinados momentos. E é por isso, só por isso, que eu não me arrependo de NADA que eu fiz ou faço. "Como você não se arrepende de nada? Fulano parou de falar com você por isso! Isso vai contra a moral! Você tem problemas!" Fala pra mim, pra que é que eu vou me arrepender se foi bom? Pra que? 'Carpe Diem', meu bem. :).  
Outra coisa, não consigo guardar rancor das pessoas. Bem que eu queria, mas não consigo. Eu amo todo mundo mesmo e demonstro isso, por dizeres, por atitudes. As pessoas sabem que sempre haverá alguém que gostará delas no mundo, pelo menos uma, mas com a correria do dia elas acabam se esquecendo. Então, nada melhor do que lembrá-las de como são lindas e especiais.
Sou assim mesmo. Louca, dramática, emotiva, sentimental, romântica. E eu nem ligo pra o que você acha disso.

domingo, 19 de agosto de 2012

Prefiro o Sol


O céu queimou hoje. O sol latejava vermelho, mas por dentro o dia pareceu cinza.
Qual é a trilha sonora? "When somebody loves you". Não é o bastante a não ser que te amem o caminho todo.
Poetas, desenhos, ritmos. Seu olhar procurando o meu entre obras de arte. Sua voz morna na minha nuca, bem de perto. Arrepios, novidades, conflitos. Conflitos. Sede de viver, sede de te amar, sede de quebrar as regras, de esquecer das regras. "I find bliss in ignorance."
A companhia fresca que te renova, que te torna crente no sentimento, segurando nele, agarrando-o com a força do desejo. Paredes pixadas, preto no branco, sem nuances, é só utopia. Nada foi feito para dar certo. Nada é uma coisa ou outra. Você escolhe, você sempre escolhe como quer, até onde quer. Não há desculpas para não amar. Não há razões para poder chorar, o choro é involuntário assim como o amor. Nada segura. Começam quando explodem e só param quando acalmam.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A restauração do equilíbrio

O equilíbrio é interferido novamente... Toda a minha base já foi retirada múltiplas vezes e nem sei ao certo dizer qual o sentido de quem sou mais... Não que nossa existência tenha uma razão definida, mas sempre temos alguma crença em que nos apoiar. E não sei bem o que me apoia nesse momento.

Todos nos decepcionam vez ou outra, e muitas vezes parece que só temos a nós mesmos... É como eu tenho me sentido nesses últimos tempos, pelo menos. Sempre gostei de estar com outras pessoas e poder sentir que elas também são uma razão do meu viver, mas parece que a vida está tentando me ensinar que tenho a mim mesma para isso. E por que eu não basto para mim então?

Sim, somos seres sociáveis que enlouquecem se vivem sozinhos... Mas por que ainda colocar minha felicidade nas mãos de alguém se ele/ela irá voltar a pisoteá-la? Preciso parar com isso... A vida tenta me ensinar e eu empaquei nessa lição. Só pode ser essa a explicação para tirar de mim meus amigos, minhas paixões, meu estudo... É que eu nunca acreditei muito na autossuficiência, sempre preferi a coletividade...mas não dá pra ser "coletiva" quando estou sozinha...

Se ao menos tudo isso for mais uma coisa horrível que tem o propósito de ensinar algo...e eu for capaz de aprender...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O último adeus

E ela olhou para aquele céu e lembrou-se daquela noite. Noite a qual o mesmo estava deslumbrante. A Lua estava mais que iluminada. Os planetas quase podiam ser vistos, tamanho era o brilho que emanavam.
Ao sair do carro, a brisa do mar chegava na casa e batia em seu rosto. Fria como aquela noite estava, seu corpo começou a temblar, mas ele saiu do carro e abraçou-a, fazendo com que aquele passasse a uma temperatura confortável.
Ao entrarem na casa, ele fez questão de mostrar a ela cada espaço do recinto. Cada quadro, cada objeto, cada foto. 
Conversaram até amanhecer. Histórias antigas, atuais e futuras. 
O Sol foi adentrando pela janela e ao meio dia resolveram sair para comer. Antes, pois, ele levou-a para conhecer o lugar. 
Aquele verde a encantava. Parecia que estava em uma ilha. Um pequeno pedaço de terra e água barrada somente pelas montanhas e montes que ficavam ao seu redor. Não teve outra reação, senão abraçá-lo. 
Voltaram para a casa e resolveram eles mesmos prepararem o almoço. Ele ligou o rádio. Ela começou a preparar a comida. Parecia que aquilo já fazia parte de uma longa rotina.
Almoçaram e logo foram para fora. Mesmo naquele frio, permaneceram na rede, abraçados. Pensando em suas vidas. Por um momento o silêncio dominou e espaço, e abriu espaço para o belo canto dos pássaros, acompanhado pelo ritmo do vento.
A Lua começou a exibir-se, já era tarde. Logo chegaram na casa dela. Despediram-se como sempre. Mal sabiam eles que era o último adeus.