Era de manhã. Não tinha o que fazer.
Peguei meu carro e fui dirigindo pelas ruas... Buscava algo, não sabia o que.
De repente vi aquela família. Estavam de mudança. Um menino, sua mãe, seu tio e sua avó.
Ele corria pela varanda da casa. O espaço era grande.
Os adultos tirando os móveis da casa, tudo. Tinham que se mudar, o aluguel havia subido e eles não tinham a quantia para pagar.
As lágrimas daquela senhora corriam por aquele rosto enrugado, através daqueles olhos azuis que já haviam presenciado tantas coisas durante a vida.
A mãe suspirava, como se estivesse despedindo-se daquele maravilhoso lugar, onde havia tido tão maravilhosos momentos.
Ao tio, pouco lhe importava, não morava com a família mesmo...
Mas o garoto, aquela criança de apenas seis anos, não sabia o que estava acontecendo. Apenas se divertia, correndo de um lado pro outro. Tentando ocupar aquele grande espaço ao mesmo tempo. Mal sabia ele que seria a última vez que correria ali. O pobre não mais teria um espaço daquele pra se divertir.
Eles tinham terminado de colocar as coisas no caminhão para levar pra outra casa. Menor e sem varanda pra o garoto brincar.
A senhora estava pra fechar o portão, quando chamou o garoto. Ele saiu correndo mais uma vez. Porém, apareceu com as mãos escondidas atrás das costas. De repente mostrou-as, fechadas. Esperou a avó fechar o cadeado. Chamou sua mãe. Olhou para as duas e abriu as mãos. Havia uma maria-sem-vergonha pra cada uma. Entregou-lhes e disse que as amava.
Embora não soubesse a circunstância pela qual estava passando, sabia que as duas mulheres que mais amava não estavam bem.
Não foi planejado, foi espontâneo.
As duas abraçaram o menino, abriram um grande sorriso e saíram andando. A nova casa era ali perto. O tio levaria a mudança.
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