quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Metafisicamente incompatível

Quando alguma coisa precisa ser expelida mas não se sabe como. A poesia foge. E essa noite que parece nunca ter passado. E esse dia que parece nunca ter terminado. É como se me transportasse para o começo de um ano que já acabou, mas que ninguém pode provar tal evidência. Então sinto essa chuva clichê cair no telhado de casa, e assisto filmes que nunca tinha assistido, leio livros que nunca tinha lido, mas que de alguma forma já os sabia por inteiros, sem precisar digeri-los fisicamente. Tudo é tão inexplicável que a minha mente não comporta o fato de simplesmente existir aqui, desse jeito, agora. Não havendo uma maneira de entrar em contato com qualquer resposta, sinto-me ofendida, como se a culpa disso fosse a minha própria incapacidade humana, sem me importar com o fato de ser uma característica geral. E se não for? Nunca fui todos os seres desse planeta, como saber se ninguém sabe sobre alguma coisa? E se souber, será que sou tão retardada a ponto de não poder descobrir qualquer evidência de lógica? Nunca fui muito racional, mas não consigo parar de procurar qualquer sentido que seja, mesmo sendo essa procura, talvez, inútil.
O que fazer se não existir? O que fazer, senão existir?

8 comentários:

Mateus disse...

Oks, coloca esse na lista dos textos que eu não entendi XD (Ao menos, não muito bem)
Me sinto tão idiota ao ser capaz de contemplar as suas ferramentas (Palavras, jogos de palavras, etc), e não entender com clareza a mensagem construída com elas.

SE eu entendi alguma coisa, foi por conta da última frase, e da releitura subsequente.
SE eu tiver entendido alguma coisa, então, esse sensação de estar atônita, inerte, como se não sentisse o tempo que passou, assim como alguém não sente a dor em um membro dormente, bem, me parece uma sensação comum, sendo esta algo que eu nunca experimentei, ao menos dessa forma que eu estou enxergando...
PS: Adorei a última linha =D
PS2: Parte do texto me lembrou de uma certa história que tratava de viagens temporais, não de forma física, mas através de mensagens de texto enviadas ao passado e, depois, através do envio da memória de uma pessoa à um "eu" dele no passado (Sendo que o corpo não viajava no tempo), mas isso sou apenas eu enxergando uma relação onde não há relação.

Lunáticas disse...

Bom, talvez o problema seja a escritora e não o leitor. Mas realmente é muito confuso, e essa pode ser a intenção, transmitir essa confusão toda.
Acho que esse post tá mais para aquelas poesias que não se explica.

Não acho que seja uma sensação comum. Se fosse não estaria tão preocupada assim em TENTAR colocar em palavras de alguma forma, mesmo sem muito sucesso.
Acho que eu fiz uma conexão com um texto velho meu "Kronos", que falava sobre Janeiro do ano passado (ou retrasado, to tão perdida no tempo que nem consigo me lembrar direito) Janeiros dão sempre essa mesma sensação para mim. Enfim, acho que é essa impressão minha de que nada mudou muito desde então, e já que eu fico tempo demais nos mesmos lugares, fazendo as mesmas coisas (quarto, computador, tv) me parece que o tempo nunca passa realmente e eu estou sempre presa nesse mesmo momento, quase como um djavu.
Tá bom, soma isso ao fato de eu ficar divagando sobre as questões clássicas da metafísica e você vai ter o que eu estou supostamente sentindo agora.
Tomara que tenha ficado mais claro.

Mateus disse...

O problema não é você.
Entendi.
Mas se for essa sensação típica de janeiros, como a conheço, então, é relativamente comum, não?
"Ano novo, nada mudou"?
Enfim... Você está revisitando esta sensação, dedicando outro texto a ela, ao invés de quebrá-la? =D
Há várias formas de se livrar de um déjà-vu... Quebrar a rotina talvez seja a mais interessante...
Embora o texto tenha ficado mais claro (Culparei o sono do teu leitor), fico agora curioso com as suas dúvidas de origem metafísicas... XD
PS: A última frase continua sendo genial. Adoro jogos de palavras, ou, no caso, praticamente de pontuação...

Fernanda Barbosa da Silva disse...

Não, para mim isso tudo é muito incomum e curioso. Realmente acontece com uma certa frequência, mas para mim continua sendo extraordinário (não exatamente em um sentido bom, nem tão ruim também). E vá lá, também não é assim, muita coisa mudou, mas é confuso, porque não parece, porque talvez não faça diferença nesses momentos.
E não é um déjà-vu (prefiro djavu mesmo, é mais simples e "engolível", desce mais redondo parece), eu disse que era quase isso, mas não chega a ser. Quebrar a rotina, aí é que tá, no momento parece complicado, porque não consigo fugir das mesmas opções, e de qualquer forma fico aqui no mesmo lugar, não importa o que estiver fazendo. Não tem como saber a não ser estando aqui.
Não me pergunte sobre as minhas dúvidas de origem metafísica porque sinceramente nem eu consigo me dar conta do que são realmente, não consigo formular um pensamento decente a altura das minha dúvidas de verdade, e no fim acabo me achando a pessoa mais limitada do planeta.
Eu também gostei da última frase, dá um orgulhosinho.

Mateus disse...

Eu disse comum no sentido de não afligir somente você, aliás, sendo bem frequente que pessoas comentem coisas do tipo, variando apenas a intensidade =D
Bem, é bem improvável que nada tenha mudado, agora, algo mudar, e ter a impressão de ter mudado ou não, são coisas independentes...
Eu entendi que não é um déjà vu (Eu uso assim por conta do título de uma música que gosto/por ter jogado isso na Wikipédia uma vez para conferir, e o hífen veio da correção daqui mesmo) no sentido coloquial e etc, aliás, a comparação contribui para que eu pudesse me situar...
E, ei, mesmo sem fazer algo de substancialmente novo, ainda dá para quebrar a rotina. Há infinitas opções do que fazer na internet, por exemplo, seja tentar algo novo, ou coisas como conversar com alguém novo ou diferente...
Isso só me deixou mais curioso, mas não tornarei a perguntar...

Fernanda Barbosa da Silva disse...

Mesmo assim, não acho que quebrar a rotina vai ajudar muito, é mais complicado.

Mateus disse...

Ah... Entendo. Ou não. De qualquer maneira, não posso ajudar =/

Veja pelo lado positivo, ao menos serve como inspiração... -s

Fernanda Barbosa da Silva disse...

Não há mais nada para te dizer a não ser aquele: obrigada por tentar ajudar.
Mas é que não sei nem se eu preciso de ajuda, eu não sei nem o que isso é na verdade, e sei menos ainda se é assim algo a se dar tanta importância a ponto de precisar ser ajudada por alguém.
E sim, serve como inspiração, talvez só para isso mesmo.