terça-feira, 8 de outubro de 2013

Você costumava me contar as coisas de um jeito diferente

O mundo é esquecido. Digo, ele se esquece facilmente. Queria poder tocar o que eu não sou mais, ouvir o que meu corpo me dizia naqueles instantes. Mas estarei eternamente presa no instante que me faz agora. Não que aquele seja um passado, já que essa coisa de passado ou futuro não existe. Aquele instante ainda é o que eu sou hoje, só não posso mais senti-lo. Todo esse preenchimento eterno do agora, não me satisfaz. Devo esperar para que um novo agora me faça melhor? E existe isso de novo agora? Só existe o agora. Esse agora que me detém, que me esvazia, que me sufoca na ânsia de perdê-lo. Porque não queremos nos esquecer? Queremos sempre respirar novamente os mesmos detalhes derradeiros. E isso me entristece. Quero levar todos meus agoras comigo, sem dissipar suas fragrâncias e, se tivesse todos eles comigo, não seria nada pois todos eles se esgotariam. A natureza é corrosiva. Minha existência dói, e se não doesse, eu não existiria.

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