sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O Processo Gatatu

Sobre escrever claramente o que dói.
Eu continuo te dizendo que estou bem. Mas estar bem depende do que poderia estar mal. Eu estou bem em todos os sentidos? Não. O meu ego não está bem, ele tá bem feridinho.
Poderia dizer pra mim mesma que ego é algo desnecessário, culturalmente criado em mim. Bom, artificial ou não, ele existe. Dizer pra mim mesma que devo destruí-lo talvez seja o mesmo que tentar ignorá-lo.
Deixando bem claro que ego pra mim não é nada saudável. Ego é diferente de auto-estima. Caso ele esteja ferido, sua auto-estima não necessariamente estará abalada. No momento estou tentando entrar no processo que chega até esse resultado magnífico.
O meu problema é que na minha humilde opinião sobre atração física e psicológica, uma pessoa que ama outra pessoa, não poderia se apaixonar por uma segunda caso esta não estivesse em um nível igual ou superior à primeira. E é aí que o meu ego se feriu. Por mais que comparações sejam algo repugnáveis, é inevitável. Ela pode até falar que não se compara comigo, você pode até falar que não se compara com ele, mas até que ponto?
A gente não se compara o tempo todo tentando ser pessoas melhores? O simples  fato de admirar alguém de certa forma é uma comparação com outras pessoas que não admiramos tanto assim.
E eu olhando pra ela, fuçando nas redes sociais dela, fico julgando o tempo inteiro, fico tentando adivinhar onde é que está a superioridade ou igualdade dela em relação à mim.
É claro que não é tão simples, as pessoas são diferentes e certas diferenças são incomparáveis.
Você deve estar me julgando nesse exato momento sobre como eu posso ser alguém tão terrivelmente julgadora. Mas olha aí você fazendo o mesmo.
A gente julga o tempo todo. Não são só pré-julgamentos, são simplesmente julgamentos. Isso pode se tornar algo ruim em um certo ponto, mas na real, é o que a gente faz. A gente julga se iria se dar bem ou não com tal pessoa, julga o jeito como ela se comporta com você e com os outros, mas não necessariamente de uma forma ruim. Vira problema quando começam a transformar esses julgamentos em bases para decidir as atitudes que serão tomadas diante da indivídua.
O meu ciúmes se baseia no fato de que eu possa não ser mais a sua pessoa preferida no mundo. Ou seja, a parcela de bajulação que eu recebia de você possivelmente terá que ser dividida entre essa sua nova amante.
Você deve estar pensando, mas porque isso seria tão ruim? Ser parte das suas duas pessoas favoritas no mundo...
Existe uma palavra chamada "exclusividade". Ser exclusivo é um ideal. Isso vem desde lá de longe quando me falavam que eu era uma pessoa única no mundo, especial. E a gente cresce tentando acreditar nisso até que chega alguém e consegue de certa forma te fazer sentir desse jeito.
Isso, mais uma vez, não é saudável..

Mas como, oh querida pessoa desapegada dos valores que lhe são atribuídos, eu vou me livrar dessa sina de querer ser alguém mais do que especial pra você? Quando você significa tanto pra mim? 
Eu digo como. Ao invés de esperar que eu receba essa admiração de fora pra dentro, vou começar a tentar me dar a devida admiração, de dentro pra dentro mesmo. 
HAHAHA ai como você é fofa, isso é tão auto-ajuda né? Adoro.

Não.
Isso é sobrevivência. Se não você vai querer morrer a cada vez que levar um fora de alguém que você ama. 
Lembrando que isso não é fácil, é um processo, como eu já falei no começo do texto. Entrando nesse processo as coisas vão melhorar progressivamente. Porque é assim que tem que ser. Independência é a matéria fundamental da confiança. 
Não começarei a apreciar minha própria miséria. 

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