domingo, 19 de setembro de 2010

A arte de brincar

           Desde pequena sempre tive muitos bichinhos de pelúcia.
           Alguns emprestei e nunca recebi de volta; outros dei; mas aqueles especiais mesmo, ainda os tenho, e faço questão de deixá-los em cima da minha outra cama, pois são como gente-para mim, é claro. 
           O que você deve estar imaginando é o porquê de guardá-los ao invés de dá-los para os necessitados, já que, na minha idade, tê-los não é algo tão comum. Pois para mim, eles têm vida.
           Ao jogá-los no chão, quando alguma amiga vem em casa para dormir, fico pensando: "Será que eles estão bem? Será que eles estão conseguindo respirar?"
           E quando saio do meu quarto imagino: "Sobre o que eles devem estar conversando? Será que estão falando de mim?". E neste momento volto correndo para pegá-los de surpresa, mas nada consigo. Então penso: "São muito espertos, sabiam que eu chegaria!"
           Hoje, meu irmão pegou  Pluto (aquele que eu recebi da minha irmã quando ela nasceu) e deu pra o meu gato brincar. Fiquei desesperada! Apesar de ser um cão, pensei eu, deve estar morrendo de medo! E logo passei a gritar com meu irmão para devolvê-lo para mim. Coitado, o gato machucou meu querido Pluto...
           Mas volto à questão inicial... Por que me preocupo tanto com eles? São apenas bichos de pelúcia! A resposta é uma incógnita... Ou melhor dizendo, até penso o que possa ser... Na verdade, acredito que, se não acreditar que eles têm vida, eles possam morrer. 
Agora, como alguém que não acredita em superstição pode acreditar em algo que não tem fundamento nenhum?
           Não sei...    
           Mas, para mim, na sociedade dos bichinhos de pelúcia tudo é mais feliz, mais simples, sem brigas... Utopia, claro. Mas também, no estágio o qual me encontro quando em comparação com a minha sociedade, qualquer mundo é ótimo, até o do Beleléu - aquele onde todas as coisas que perdemos vão parar.
           Talvez, quando eu seja mais velha, esqueça do mundo deles... Só espero que nunca olvide a essência que eles têm: "A simplicidade das coisas".

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