domingo, 5 de setembro de 2010

Perfumes

        Estava na varanda, vendo o dia amanhecer, quando senti aquele cheiro de café que só ela conseguia fazer. Ouvi o seu chamado doce para tomar o desjejum. Chamei-a para apreciar o sol nascendo, mas ela me disse que estava terminando de arrumar a mesa.
        Vi-me levantando da cadeira e entrando na cozinha para lhe dar um beijo de "bom dia", além de apreciar o delicioso bolo de fubá que ela havia feito no dia anterior. Sentei-me à mesa e chamei-a para sentar-se ao meu lado. Não podia, tinha que se arrumar. Saiu correndo para o quarto.
        Peguei uma bandeja,  coloquei meu pedaço de bolo e minha xícara com aquele café bem pretinho e com aroma esplêndido e me dirigi ao quarto.
        Lá estava ela com aquele vestido que eu tanto adorava... Sua cintura ficava realçada, e aquele decote nas costas dava-lhe um charme ainda maior. Por fim, seu perfume... Ah, seu perfume... Para mim era arrebatador... Aquela fragrância quando em contato com o meu ser me deixava fora do ar, em outro mundo. Seu cheiro era marcante, viciante; eu ficava descontrolado. Mas não tinha mais o que fazer, aquele cheiro tornou-se apenas mais um perfume guardado na minha memória.
        Peguei-me chorando ao amanhecer. Não pela beleza singular do momento, mas pelo vazio que ele me causava. Eram lembranças, apenas lembranças...

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