terça-feira, 7 de setembro de 2010

Entrar na paralela

A realidade, a mais básica, sempre me irritou. "A mais básica" porque para mim não existe só uma. Realidade não é apenas aquilo que vivemos cotidianamente, quando acordamos de nossos sonhos à noite e começamos a repetir todos os hábitos rotineiros e ver as mesmas cenas, ouvir as mesmas notícias, escutar as mesmas músicas e conviver com as mesmas pessoas.
Essa realidade básica me faz perder o ânimo, "acaba com a minha graça". É só levar aquele beliscão dela que tudo o que eu tenho em mente, tudo o que me faz ir levando a vida numa boa, sem dar crise existencial, perde todo o sentido. Toda a vida que eu sonho em ter, tudo o que eu quero ser, conhecer e descobrir, todo aquele mundo dentro de mim desmorona, por uma simples frase estúpida, um gesto vergonhoso ou uma voz irritante na tv.
Nunca se imaginou de outro jeito ou vivendo num mundo completamente diferente? Não digo mundo no sentido de "um país das maravilhas", mas um lugar diferente do seu habitual. Como mudar de Arujá para um vilarejo perto do Himalaia ou de um gueto no México para a Toscana. Entende? Nunca pensou em mudar ou fugir de tudo? Virar do avesso, como Gandhi  se tornando um Mahatma.
O que me belisca de verdade até me fazer cair no chão, é essa mania das pessoas em se prender a uma só realidade e não largar por nada. Com certeza é bem mais cômodo para viver na mesma sociedade que as acolheu desde o dia em que nasceram. Mas para mim é o pior pesadelo do mundo. Eu simplesmente me recuso a aceitar que exista apenas uma e que eu seja obrigada a viver nela até morrer, do mesmo jeito, com os mesmos defeitos, sendo a mesma de sempre.

Um comentário:

Anônimo disse...

Imagem interessante... Lembrou-me Magritte, Golconda (1953). Algo que me faz divagar...